Roupas, calçados e acessórios são os itens mais comprados por impulso,
com 14%. Em seguida estão os perfumes e os cosméticos, com 8% das respostas
Em meio à crise econômica, hábitos de consumo espontâneos podem causar um
grande prejuízo no orçamento. Segundo a pesquisa “Uso do Crédito” do Serviço de
Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes
Lojistas (CNDL), 37% dos consumidores admitem ter adquirido produtos que não
precisavam nos últimos 30 dias, devido à facilidade de crédito.
A pesquisa do SPC Brasil evidenciou as roupas, os calçados e os acessórios como
os itens mais comprados por impulso, com 14%. Em seguida ficaram perfumes e
cosméticos, com 8%, idas a bares e restaurantes e smartphones, ambos com 6%.
Para os entrevistados,
as lojas virtuais são as que mais facilitam o crédito e estimulam as compras,
com 29% das respostas. Os supermercados e as lojas de departamento também foram
citados, com 19% e 17%, respectivamente.
Quando contatados por
bancos, lojas ou financeiras que lhes oferecem cartões, aumento do limite do
cheque especial ou crédito extra, 36% afirmam avaliar a proposta de acordo com
o seu orçamento, enquanto 36% não chegam nem a ver as opções ofertadas e 17% só
não veem por saberem que o orçamento não permite. Por outro lado, 11% avaliam e
aceitam a proposta por gostarem de ter crédito disponível ou pela vontade de
fazer compras.
“É muito comum as
pessoas receberem oferta de um cartão de crédito assim que abrem uma conta em
banco, ou mesmo ter acesso a linhas de crédito que ficam disponíveis de forma
automática na conta corrente, estimulando a contratação de um empréstimo, por
exemplo. Porém, nem sempre o crédito é necessário ou vem a ser a melhor
solução. É um instrumento bastante útil para viabilizar metas de consumo, sem
dúvida. Entretanto, se o consumidor não estiver com o orçamento preparado para
quitar as parcelas, o endividamento pode fugir ao controle e trazer inúmeros
problemas”, afirma a economista-chefe do Serviço de Proteção ao Crédito,
Marcela Kawauti.
Formas de pagamento
Dinheiro, cartão de
crédito e débito foram as formas de pagamento mais utilizadas nas compras, por
68%, 45% e 35% dos consumidores, respectivamente. Entretanto, 58% deles
buscaram evitar determinadas formas de pagamento a crédito nos últimos três
meses, principalmente os financiamentos, com 27% e os crediários, com 23%.
Cerca de 47%
afirmaram que atualmente observam uma maior dificuldade por parte das lojas em
aceitar modalidades de pagamento, especialmente no que se diz respeito ao crediário,
com 24%. O cheque pré-datado foi o segundo mais citado, com 23%, seguido do
financiamento, com 18%.
Em casos onde o
estabelecimento não aceita a forma de pagamento escolhida, 37% dos compradores
desistem das compras devido às dificuldades, mas 27% garantem que acabam
pagando à vista.
Já quando o preço é
muito inferior do que o na compra parcelada, 38% optam pelo pagamento à vista.
No entanto, preferem parcelar caso a diferença de preço não seja tão grande.
A maioria, com 67%
asseguraram conhecer a diferença entre o valor à vista e o valor parcelado de
um produto. Nos últimos 30 dias anteriores à pesquisa, os consumidores pagaram,
em média, três prestações de cartão, cheque, empréstimo ou financiamento. Já se
levado em conta todas as parcelas efetuadas, os entrevistados demoraram em
média seis meses para quitá-las.
Parcelamento
A aceitação dos
compradores em relação ao cartão de crédito é evidenciada como a forma de
parcelamento preferida dos brasileiros, uma vez que 61% pretendem utilizá-lo
nos próximos meses para parcelar. Já outros 14% afirmam preferir o
crediário/carnê, ante a 10% que optam por usar o cartão de lojas.
No momento de definir
o número de parcelas da compra, quatro em cada dez, ou seja, 43% escolhem a
opção que oferece a menor quantidade de prestações. Em contrapartida, 26% pedem
o número máximo de parcelas sem juros, independentemente do valor da compra. Já
19% asseguram que quanto maior o valor da compra, maior o número de parcelas.
A pesquisa também
mostrou que dois em cada dez entrevistados se planejaram para comprar roupas,
calçados e acessórios parcelado, ante a 13% que se organizaram para comprar
celulares smartphones e 10% móveis para a casa. Visando as compras parceladas
até o final de 2017, celulares e smartphones, com 17%, roupas, calçados e
acessórios, com 15% e eletrodomésticos, com 13%, aparecem como os produtos
preferidos.
No sentido contrário
de quem consome devido ao crédito fácil, 23% dos consumidores tiveram crédito
negado no último mês ao tentarem comprar parcelado, sendo nome sujo, com 6% e
limite de crédito excedido, com 5% os principais motivos.
Com o acesso ao
crédito mais restrito, muitos lojistas estão dispostos a facilitar as condições
de compra para garantir mais recursos em caixa, já que 50% dos consumidores
recebem ofertas de descontos para efetuar o pagamento à vista em dinheiro nos
últimos 30 dias.
Acesso ao crédito
Aproximadamente
quatro em cada dez entrevistados acreditam que neste ano será mais difícil
conseguir crédito, com 37%, uma queda de 10,2 pontos percentuais em comparação
a 2016. Para 33% o acesso continuará igual e para 18% estará mais fácil.
De acordo com o
presidente do SPC, Roque Pellizzaro Júnior, a cautela de quem empresta recursos
é natural, devido ao desdobramento da recessão que tomou conta do Brasil nos
últimos dois anos. “As condições para a concessão ficaram mais rígidas e nesse
período houve um ciclo contínuo de alta dos juros que acabou encarecendo e
desestimulando a busca por empréstimos. Como só recentemente essa tendência em
relação aos juros foi revertida, ainda não houve tempo para que o consumidor
percebesse reflexos positivos”.
O presidente do SPC
Brasil também ressalva que é importante lembrar que a restrição ao crédito pode
impactar significativamente o comércio, já que as pessoas tendem a reduzir o
consumo, especialmente de produtos e serviços de maior valor. Porém, é positivo
para conter o crescimento da inadimplência. Para ele, o ideal será quando
estivermos em uma posição onde o consumo aumente de forma sustentável, sendo de
extrema importância a cautela na hora de contratar crédito. “É melhor adiar um sonho
de consumo do que contrair uma dívida de longo prazo e, sobretudo, incompatível
com a renda e o orçamento”, conclui.
Fonte: Brasil Econômico - 30/05/2017
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